Para muitos de vós o nome Trio Ouro Negro não é completamente desconhecida. Seria provável que para primeiros posts eu escrevesse sobre o Duo e não o Trio, mas julgo que é pertinente deixar algumas considerações.
Como sabemos, Raúl e Milo vieram para Portugal em 1959, depois de terem assinado um contrato com um empresário português (Ribeiro Belga) que viu a sua brilhante actuação em Luanda. No entanto pouco se sabe acerca da formação original do grupo. Há quem defenda que foi um quinteto, um trio, mas o que sempre foi verdade é que, estes dois músicos foram os fundadores indiscutíveis do Ouro Negro. Amigos de infância, Raúl e Milo reencontram-se no Norte de Angola numa estação de caminho de ferro algures entre Malange e Carmona (actual Uíge), e assim numa festa, casualmente pegaram nos seus violões e tocando umas músicas, deixaram o público espantado com a sua habilidade.
É provável que se tenham entretanto junto outros membros, ou "acompanhantes", mas a formação inicial é a do Duo.
José Alves Monteiro, mais conhecido por Gin, foi então um dos que terá integrado o conjunto em 1961, quando Milo e Raúl foram a Angola actuar, após o mega sucesso em Portugal. Estes gravaram 5 Extended Play (EP), com 4 músicas cada um. Entre elas a célebre Mãe Preta de Piratini e Caco Velho do Brasil, Garota, e sobretudo muito folclore de Angola, tal como Ana Ngola Dilenué, Rebita, Cidrálea, Palamiê... Algumas destas são composições ou arranjos dos Ngola Ritmos do grande (Liceu) Vieira Dias.
Entretanto o 3º elemento deixou o Trio... A versão que ouvi toda a minha infância, contada pelo meu falecido "Tio" Jorge (que vivia em Portugal naquela época, e que os viu actuar várias vezes), foi de que esse mesmo elemento teria sido ludibriado pelo Duo conduzindo à saída do mesmo. Apesar disso, também ouvi dizer por fonte próxima que este elemento teria sido "levado" pela PIDE, por alegadas ligações aos movimentos de libertação de então.
Se foi, o que é certo é que em tantos anos, nunca ouvi o Raúl falar sobre José Alves Monteiro, nem sei se este ainda será vivo, mas a técnica imortalizou a voz destes 3 magníficos, como se pode ouvir nesta fabulosa versão de Palamiê de 1961 com arranjos de Emílio Vitória Pereira, para todos conhecido por Milo, (ou arranjos do próprio Vieira Dias).
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CastpostEtiquetas: 60's, EP, Folclore, Trio, VC